A história do frango com batatas

Minha mãe, além de ser uma excelente costureira é também uma excelente cozinheira. Volta e meia ela me pergunta o que eu estou com vontade de comer. Na última vez escolhi o frango com batatas. Há séculos eu não comia o frango com batatas que a minha mãe faz. Até que no último feriado eu cheguei na casa dela e já estava tudo preparadinho. Deu até vontade de adiantar o relógio para o meio-dia chegar mais depressa. O estômago, já instigado pelo olfato começou a dar sinais de desespero mais cedo. Finalmente, hora do almoço. Sentei e saborei o prato com calma. Automaticamente fui arrebatada para anos atrás, quando minha família ainda era convencional e morava debaixo do mesmo teto. Sempre tinha alguma visita para o almoço, que nós chamavamos carinhosamente de "agregado". Quando o cardápio era frango com batata então, nossa, sucesso absoluto. E o mais engraçado é que todo mundo tinha um pedacinho preferido e, graças ao bom Deus, nunca coincidia com o pedaço de mais ninguém. O meu era a coxinha, de um irmão era o peito, do outro irmão a asinha, da mãe o pescoço, da avó um outro pedaço e do pai também. Todos viviam em harmonia com o frango. É engraçada essa associação da comida com o passado. Como pode um prato tão singelo nos fazer revisitar memórias, rever pessoas, analisar fatos. Sempre volto dessa vaigem ao passado com um sorriso no rosto e com a sensação plena de que estou vivendo.